domingo, 13 de novembro de 2016

O silêncio não erra




Aliança gélida de concreto
Desarmado o amado,
 É contemplação
O silêncio transforma amor em resistência
 E olhares em provas de clemência.
Sem palavras muito se diz,
Mas a televisão é que tem razão
Na busca o sonho é uma vazão
E a realidade um quis.
Quis amar...
Quis sexo...
Quis beijar...
Suspiros são discursos mudos,
 Sem apontar ou armar, mas Belicosos .
A procura do indulto o adulto
Vira criança de espada e escudo
A um passo do fim.
Um passado apaixonado, nu, carmim.
É gabarito de medidas esvoaçantes
E nada mede esta tristeza
E a secessão do amor é redondeza
No dedo a jura queima
E partir é uma teima
Mais um dia
Mais uma hora
Mais um segundo
Depois falamos...

Já que o silêncio não erra

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A partida

Arte de Marion Fayolle

Que se aparte amanhã
Hoje a lágrima grita
Pois foi a gota que
Fez dilúvio
Amanhã alívio
Seria um só ou dois?
Perguntas de agora
Respostas de vidro acrílico
A cama engrenagem faltosa
Não é cessar fogo
Colorida é a palavra belicosa
Negro o não falar
Amanhã de afinados
Ficará finados os ponteiros


sábado, 3 de setembro de 2016

Estrada


sábado, 30 de julho de 2016

Entre deuses e juízes.




Era uma vez uma terra chamada Prasil, lugar onde o bom povo adveio de muitos ancestrais, miscigenando-os. Lá tudo se plantando da e esta abundância fez crescer também os espertos de plantão. Para combater tal praga que corroía o povo e entristecia seu semblante, criou-se os superiores, e divinos Juízes.

Dizem que este papo não era bem assim, deviam apenas fazer cumprir as regras, mas com o tempo seus poderes contaminaram seus juízos e de porta-vozes de regras e leis passaram a condenadores lentos e confusos. Os do norte liam de ponta cabeça o que os do sul escreviam de lado. Outros do juramento se esqueciam e se achavam extraterrestres, acima da estratosfera e das leis que lidavam.

Dizem que seu sangue era psicodélico multicolorido, mas suas roupas eram pretas como a morte, pois assim a ela se assemelhavam, ou seja, lentos progressivos e fatais.

De Tv e mídia adoravam, pois só julgavam com destreza casos de vulto, que envolviam pessoas públicas, já o caso dos proletários, a gaveta era sua cova.

  Raffaello Sanzio The Judgment of Solomon

Em seus devaneios criaram até uma língua nova, chio de fru frus e palavras malucas, seus críticos diziam que era uma escrita proposital para separar os mortais de sua sapiência dos reles mortais.

Envoltos em papeis mil, a todos julgavam e em seus cursos de formação os noviços e possíveis juízes, chamados advogados, aprendem no primeiro dia de aula a se verem com a nata de uma sociedade bronca.

Reza lenda que em uma cidade do Sul chamada Camapuã um grupo de bombeiros acionou seu empregador nesta justiça, reclamando o certo, um destes heróis do fogo, para o além já partiu na espera da decisão de um tal juiz chamado Luiz Tatávio Brega Chuchu.

E como esta muitas outras lendas aconteciam, desafiando o tempo.

Por fim, o povo sofrido esperava cifras e heróis para um final feliz poder escrever.











Arte: Raffaello Sanzio The Judgment of Solomon

sábado, 28 de maio de 2016

Sextas

A sesta – Van Gogh (1890)

Hoje é sexta
e na sesta
colocarei meus sonhos
na cesta feita de teus braços

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Dó ?


O dó
não se escuta
é só silêncio

domingo, 20 de março de 2016

Sinto-me obrigado.


Sinto-me obrigado.

Imbuído, intimado, quase constrangido a ter que escrever sobre a situação atual do país.

Obrigação é  palavra em desuso, comprovo quando vejo que honestidade é opcional para muitos de meus irmãos brasileiros, quando na verdade deveria ser uma obrigação natural, e seu contrário um disparate patológico.

Mas estar obrigado pelas consequências de um universo imenso quanto o da política é nefasto, nos obrigamos a tecer comentários e nós colocarmos geograficamente diante de um muro é incomodo, até não deveria tínhamos que ser mais atuante antes e não agora na sangria.

Ora vem para rua, oura fica-se em casa monitorando a história, resistindo a manipulações ou aceitando-as como verdades absolutas. E é ai que mora o perigo quando começamos a acreditar que verdades são absolutas e que a história tem apenas um prisma.

Lembrando um pouco de história: Humilhados, os alemães viam nas propostas do partido nacional socialista uma ideia de revolução, mais do que uma proposição ideológica de extrema direita, uma salvação. A pobreza, miséria e desemprego fez com que os germânicos atingissem o fundo do poço, e então aceitasse de bom grado, em sua maioria, a liderança de um Hitler messiânico.

Tomando as devidas proporções, sou obrigado a acreditar que vivemos uma crise, e que crises são venenos que mudam a circulação do corpo democrático de uma nação, levando a doença da desesperança, que por sua vez leva a falência do sistema imunológico da razão e depois a morte.

Temos sim que sermos obrigados a pensar, a refletir e depois agir, olhar o mundo como se ele não fosse todo azul, mas preto, amarelo, rosa...  E não se deixar levar por opiniões acéfalas.

Olhar para trás para traçar um futuro é obrigação e obrigação maior é pensar por si mesmo.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A fala do telefone.



Você não vai falar?

.......

Fale alguma coisa?!

.......

Por favor! Não faça isso comigo!

De repente o telefone ficou mudo de verdade.

Cacos espalharam-se pela sala.


 Foto: Lucassen Emmanuel

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Ao contrário das nuvens que confudimos com a fumaça da alienação, estou escrevendo mais, mostrando a cara. Por convite do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Camaquã agora tenho uma coluna mensal no jornal deste sindicato. Logo reproduzo aqui tais textos sobre temas diversos. Boa leitura.

Crise não rima com cultura e arte.
Em tempos de crise, palavra inventada, todos se voltam seus olhos para as suas necessidades mais básicas, vejamos: Alimentação, saúde, segurança, infraestrutura, e timidamente educação, mas poucos lembram que a cultura também é alvo dos dardos venenosos de uma crise.
Parte fundamental da construção de um homem crítico e atuante no espaço e no tempo, a cultura e a arte como um todo, tem sim sido relegada aos cantos das iniciativas públicas. Seria culpa do quadro ou da moldura, renderia uma boa discussão.
Mas a verdade é que a opinião pública não se lembra de músicos, artesãos, artistas plásticos, escritores e produtores quando uma recessão atinge nosso país.
Vou mais além, no mar do individualismo on-line ocidental, nos afogamos muitas vezes em nossa falta de sensibilidade, alvo muito perseguido por artistas de todo o tempo.
Então se não sabemos apreciar cultura em mares mais calmos, como agora prestigia-la? Deveríamos ir mais a teatros e ver representada nossa pequenez ao desvalorizar um bom livro ou uma banda local.
Nossa vida não depende da arte, mas ela nos ajuda a viver, e a olhar um mar que muitas vezes é maior que nossa visão.
Lembrei-me de um comentário de um músico camaquense, ao ser convidado para tocar de forma gratuita:
_ Amigo veja, o pipoqueiro ganhará com meu show, o dono da sonorização ganhará, o taxista, ganhará, o gari ganhará, todo mundo lucrará, por que eu tenho que mostrar minha arte que é o cerne do evento de graça?
É hora de vermos o artista como ser integrante de nossa comunidade e não com um extraterrestre que não paga contas, não vive e não sonha, temos que ver a cultura também como uma forma de mercado, solidária muitas vezes, mas mesmo assim um mercado.
Que comecemos por aqui, em nossa cidade, prestigie Shows locais, o teatro local, e toda nossa gama de notáveis.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Foto: O Mouro



No equilíbrio de horas mortas

Ronda um bêbado indagoso

Que na noite é corajoso

Ruas tortas

Onde sentam desilusões

Capengas ilusões

Quebrada mas alada

Voador acento que um dia foi.

Einstein, Piaget, Sócrates Tolstói

Quem desvendaria a este equilíbrio?

Um passeio na sombra

Uma perna a menos

Uma palavra furtada

E um beijo frutado

Adeus .

Útil vida findoura

Agora caminha para a manjedoura de algum lixo

Ser sufixo de um palavrão poluído

Ferro fundido, forjado no dorso da alma

De um bar esquecido.

Paria de lembranças mil,

Vil é o tempo que te alfandegou a rua como destino.

Banco quisera ser mocho,

E livrar a existência desse arrocho,

Mas que recicle este memorial da noite marginal

E forjem outro final.